Que tipo de consultor sua empresa está contratando?

Que tipo de consultor sua empresa está contratando?

O presidente da entidade que congrega os consultores de organização, Cristian Miguens, afirma haver mais diferenças do que semelhanças com experts genericamente denominados de consultores

Por Cristian Welsh Miguens*
A palavra “consultor” é, no mínimo, charmosa. Não fosse desta forma, não estaria sendo usada de forma tão ampla e generalizada pelas mais diversas profissões: consultor de imóveis, consultor de beleza, consultor técnico, consultor de seguros, consultor de vendas, e por aí vai. Isto impõe aos Consultores de Organização um desafio inicial: como fazer para diferenciar o trabalho realizado por ele do de tantos outros. O que o Consultor de Organização tem em comum com todos os outros é ser um especialista em algum assunto e ser contratado quando o cliente considera ter um “problema” que ele próprio não consegue resolver. É aqui que terminam as semelhanças. O Consultor de Organização é um especialista em questões de gestão (administração) de empresas públicas ou privadas, com ou sem fins de lucro, ou seja, organizações (daí o qualificativo “de Organização”). Como há diversas áreas envolvendo a gestão de empresas, há também especialistas em diversas áreas: financeira, estratégia, processos, qualidade, vendas, recursos humanos, etc.

consultoria-artigo-350O maior problema para clientes de consultoria e para os Consultores de Organização profissionais é ter que lidar com especialistas que acreditam que este fato (ser especialista em algum assunto) já os habilita para se apresentarem como Consultores de Organização. O Consultor de Organização profissional pauta a sua conduta por um código de ética rígido, e o torna público para poder ser cobrado pelos clientes e potenciais clientes quanto a sua conduta.

O Consultor de Organização profissional desenvolveu competências em consultoria de organização especificamente. Ou seja, desenvolveu competências necessárias para conduzir todo o processo de consultoria, do início ao fim. Para tanto, ele investe permanentemente em autodesenvolvimento. O Consultor Profissional sabe que ele não resolverá o eventual problema para o qual foi chamado sem envolver o próprio cliente na busca de uma solução e na implantação da alternativa escolhida. Como os clientes em geral não tem a percepção clara do quanto é importante o seu próprio envolvimento no processo, o Consultor de Organização profissional alerta o cliente e desenha a sua proposta demonstrando ao cliente o tamanho e intensidade de envolvimento requerido dele mesmo para o sucesso do projeto. O Consultor Profissional ainda assume como sua obrigação transferir ao cliente todo o conhecimento necessário para que este possa eventualmente lidar com o problema no futuro sem ter que recorrer novamente a um Consultor de Organização.

Estas diferenças, que parecem sutis, fazem toda a diferença na qualidade dos trabalhos desenvolvidos, no desempenho dos consultores e na satisfação dos clientes. O IBCO (Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização) trabalha desde 1968 para orientar todos aqueles que desejarem abraçar a profissão sobre como fazê-lo e para que o mercado (os empresários que desejam contratar um consultor ou uma consultoria de organização) reconheça nos seus filiados a condição de Consultor de Organização verdadeiramente profissional. Para enfatizar mais tal condição, o IBCO se filiou ao ICMCI – The InternationalCouncil of Management Consulting Institutes em 2000. Esta instituição internacional congrega institutos que representam os Consultores deOrganização profissionais no mundo todo, um para cada país. O Brasil, por meio do IBCO, é o único país da América Latina representado nele. Como isto beneficia os potenciais clientes? Para o ICMCI, o desenvolvimento da profissão de consultoria de organização (management consulting) é uma ação global que se tornou a razão de ser da entidade. O ICMCI é o instrumento que a nossa profissão usa para enfrentar o desafio em uma base transnacional. O ICMCI promove os interesses e desenvolve a consultoria de organização como profissão mundialmente. A sua principal tarefa tem sido estimular, prover suporte e certificar os institutos nacionais de consultores. Para tanto desenvolveu standards - padrões de desempenho e de conduta - para a profissão e um processo universal de certificação de consultores que gera reconhecimento e reciprocidade entre todos os institutos membros do ICMCI, o CMC-Certified Management Consultant, assim como um processo de “assessment” dos institutos membros. Mais uma vez, como é que isto pode beneficiar os potenciais clientes de consultoria de organização?  A certificação é a forma que qualquer empresário ou executivo possui para ter certeza de que está contratando um verdadeiro profissional de consultoria de organização, um profissional que não apenas é um especialista em alguma área da gestão de empresas mas também alguém que conhece os limites da sua ação diante dos problemas do cliente, que então explora as potencialidades, conhecimentos e competências que existem dentro da própria empresa. 

É fundamentalmente alguém que consegue administrar o processo de geração e escolha de alternativas de solução e a respectiva implantação de tais soluções. Alguém que põe os interesses do cliente em primeiro lugar, que transfere conhecimento para o cliente e os seus colaboradores e que atua de acordo com princípios éticos conhecidos do cliente e que, portanto, podem ser conferidos e exigidos pelo cliente. Os Núcleos Regionais do IBCO se integram a esse esforço. O IBCO, aliás, está empenhado em contribuir para o desenvolvimento de competências específicas para a formação de consultores de organização profissionais – por meio de seu curso específico – e de auxiliar os empresários e organizações a contratar profissionais de consultoria adequadamente encorajando-os a usar o standard por meio das ações promovidas pelos seus Núcleos Regionais. 

*Presidente do IBCO-Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização, Trustee diante do ICMCI,
sócio diretor da IRON Consultoria e professor da Escola de Negócios da Universidade
Anhembi Morumbi em São Paulo